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Seletivos

Vivemos a era da ansiedade, da pressa e, muitas vezes, do ódio ao próximo. Nesse cenário, surge um fenômeno cada vez mais comum: a Seletividade Moral. Trata-se da conveniência de escolher apenas o que agrada, mesmo quando não é o correto; de buscar conhecimento apenas quando ele conforta, e não quando provoca mudança, desconforto ou crescimento.

Caminhamos para um tempo em que fazer negócios, criar vínculos e estabelecer conexões será possível apenas com poucas pessoas — escolhidas a dedo. Pessoas de caráter.

Ouvido seletivo

Escutam tudo, mas só ouvem o que lhes interessa.
Movidos pelo ego, vaidade, arrogância, ignorância ou até pela ausência de empatia, colocam o próprio umbigo no centro do universo.

Essa seletividade auditiva faz com que escolham quando agir e quando se omitir. Como consequência, quase sempre agem errado, na hora errada, pois decidem pelo conforto e fogem do desconforto que gera crescimento. Ao evitar o incômodo, acabam se depreciando.

Honra seletiva

Não se importam em dever, atrasar, descumprir acordos ou deixar de pagar no prazo. Acumulam desculpas, vitimizam-se e culpam o mercado, a família, a empresa, o clima ou qualquer adversidade conveniente.

Curiosamente, importam-se profundamente quando são cobrados.

Não vejo sorte ou azar em quem faz o que precisa ser feito. A regra é simples:
se está devendo, trabalhe mais e gaste menos.

Conhecimento seletivo

Aprendem muito, mas escolhem pouco do que praticam.
Nessa lógica, a maioria enterra sua melhor versão — que todos possuem. A escolha quase sempre será pela mudança que dói menos, exige menos e cobra menos atitude.

Comemoram projetos com 80% concluídos, esquecendo-se do propósito essencial:
ser melhor do que ontem.

Doença seletiva

Uma das mais curiosas.
Dificilmente alguém falta no dia do prêmio, da festa, do pagamento ou do fechamento de um grande negócio. Raramente adoecem no primeiro dia de férias ou numa sexta-feira à noite.

Mas adoecem no último dia de descanso ou na segunda-feira de manhã, quando precisam trabalhar. A enfermidade surge no dia de honrar compromissos assumidos — e ainda esperam empatia por aquilo que, na verdade, é falta de disciplina e esforço.

Indignação seletiva

Talvez a mais reveladora.
Escolhem quando rugir e quando enganar, conforme a oportunidade.

Uma reflexão simples: quantas pessoas você conhece que estavam endividadas ou fora de forma, receberam ajuda, foram gratas e evoluíram? Se pensou demais, já tem a resposta.

Jesus curou dez; apenas um voltou para agradecer.

Escolha bem a quem estender a mão e jamais espere gratidão. A cobra que você salva ou alimenta tem veneno — e dificilmente você terá o antídoto.

Conclusão

No reino animal, não escolhemos a espécie em que nascemos.
Na vida, escolhemos com quem trabalhamos, conversamos, negociamos e convivemos. E, inevitavelmente, nos tornamos semelhantes àqueles com quem andamos (Provérbios 13:20).

Em tempos em que o objetivo é parecer bem a qualquer custo, muitos enxergam no outro uma oportunidade de subtrair, e não de somar. Na dúvida, suspenda benefícios e utilidades — isso revela quem realmente é digno da sua presença.

A dor ensina.
O sofrimento corrige.
Não tente consertar quem luta para não aprender.

Bons negócios.
De vida, aliás.

Obermayer Júnio

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