Gerações: Soma ou subtração?
O estilo de vida dos profissionais nunca esteve em grande evidência como agora. Não é preciso se esforçar para lembrar que há pouco tempo, quando se trabalhava doze, quatorze horas ou mais, para muitos era o ápice do prazer (ou era apenas fingimento), ficavam até duas semanas sem folgas e isto lhes fornecia ainda mais energia para continuar. Quase não se ouviam reclamações, as vezes nem prestavam atenção no salário, se preocupavam mais em honrar a oportunidade de fazer e ter um bom trabalho. Via-se muita raça, muita razão e pouca emoção. Muito produtiva e resiliente, essa foi a geração de quem nasceu em 70, 80. Mas tudo mudou tão rapidamente que nem notamos, e quando notamos, nos assustamos.
A geração atual, nascidos de 90 em diante, é bem diferente daqueles dias atrás, não em sua totalidade pois toda regra há exceção ou exceções. Querem saber de tudo: horário, salário, benefícios, cultura. Questionam a qualidade, a pontualidade, o cumprimento do que foi acordado. São céticos, diretos, sem temor algum de perder algo ou serem mal interpretados, pois o mundo agora cabe no bolso. Sentem a liberdade como o vento, trocam de pensamento igual trocam de roupa, se importam com alimentação saudável (por conveniência, pois as fotos que divulgam mostram outra coisa), atividade física. São bem engajados na luta sócio-política, sabem tudo sobre direitos, mas estão cientes sobre somente cinco porcento de seus deveres. Sabem curtir, mas esquecem de respeitar o espaço do outro, isto se chama ética, ou nesse caso, a falta de ética.
Fato é que todos querem qualidade de vida, poder curtir, viajar, trabalhar, malhar, se alimentar bem, ter conforto, ter tempo, paz interior, isto é o foco da grande maioria. Os Tios(as), como dizem os 90, sabem que para conquistar algo deve-se dedicar muito, esforçar-se bastante e dosar com uma colher de sorte (preparo oportunidade). E isto a atual geração ainda não conhece, não foram testados ou forjados no fogo, aliás acredito que quando acontecer irão criar um caminho alternativo, não se acostumaram a passar por tempestades para curtir um arco-íris.
O ponto de conflito neste caso ocorre em duas vertentes: Tios(as) gerenciando os 90, e os 90 gerenciando os Tios(as). Era para ser a melhor das interações: resistência com criatividade e energia, mas está sendo uma péssima experiência porque não há entendimento entre as partes, o que acabou se tornando um conflito armado.
Agora isolando as décadas e adentrando no ser humano, sabemos que a sensação de prazer e dor para todos é a mesma, o que nos diferencia é a forma com que lidamos: uns externam, outros internalizam. Quando passamos a entender isto fica mais claro para tomarmos decisões que melhorem a sinergia desta relação e gere bons frutos.
Se a sensação é a mesma, a busca não deve ser tão diferente, resumindo para os dois: qualidade de vida e trabalho (QVT). Quando passamos a entender a necessidade do outro e a fornecer caminhos ou ferramentas para a realização do mesmo, criamos um elo de confiança e credibilidade, a partir daí nos unimos em prol de um bem maior, pois alguém cedeu.
Essa mistura produz sim bons resultados, basta entendimento das prioridades, com foco na obrigação. Não será uma tarefa fácil, mas será um aprendizado maravilhoso.
Abrindo a mente e quebrando paradigmas dessa forma criamos parceiros e não adversários.
Bons negócios.
Obermayer Júnio
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