Mal necessário, Será mesmo?
Qualquer semelhança será mera coincidência: a história é curta, mas irei contar apenas para assimilar o que desejo passar. Foi em um momento da minha vida quando exercia um cargo operacional, minha função era auditar, orientar e relatar os resultados ao meu Superior, e em uma dessas auditorias na área de outro Gestor me deparei com a seguinte situação: O Gestor pouco se preocupava com o resultado da auditoria, (pois na mente dele o tempo de Empresa e as glórias do passado o manteriam ali para sempre).
Durante a auditoria ele começou a degustar um produto que acabava de chegar e tal atitude era contra as normas, eu o orientei que era incorreto e ele me disse que estava muito acima na hierarquia, que podia fazer e que eu também podia degustar pois não contaria a ninguém. Não entrei nesta onda e finalizei a auditoria reportando o ocorrido ao meu Superior que me disse apenas para deixar para lá, pois a Empresa confiava nele mesmo sabendo de inúmeras pequenas atitudes incorretas, e isto era visto como mal necessário.
Anos se passaram e ele continuou na Empresa até ser pego em grande desvio e desligado por justa causa.
Agora pense bem: quantos talentos entraram e ficaram sob a sua gestão? Quantos foram eliminados por não concordar com suas atitudes? Quantos entraram bons e ficaram corruptos? Você acha que esse gestor é capaz de formar ou controlar pessoas? Manipular resultados? Quantos bons negócios foram perdidos?
Seja qual for o tamanho ou segmento do seu negócio, você terá ou tem pessoas desse naipe, e estão ou ficarão na sua equipe senão for capaz de tomar atitude. Esse profissional amarra seu negócio, vende a ideia que tudo para sem ele (grande utopia), mas a realidade é o contrário, vejo negócios deslancharem com a mudança de certas áreas de gestão.
É um grande manipulador, quase um artista, consegue interpretar vários papéis, respeita apenas o poder do cargo ou a descrição do crachá a sua frente, é escorregadio, pois não comete faltas graves, consegue embaralhar as situações, levantando muita poeira pois assim é difícil de separar os mocinhos dos bandidos.
Vejo equipes recheadas de colaboradores pau-mandados, vejo uma reclamação imensa da Diretoria com a qualidade da mão de obra, vejo o comodismo e aceitação dos mesmos erros, vejo um universo de oportunidades indo embora, vejo a corrupção passiva corromper os ânimos e os resultados, tudo tão pequeno e fácil de resolver, e as vezes quem tem o poder não o faz (olhe o Brasil: todos sabem das fraudes, quase não há provas, logo ninguém faz nada).
O mal se gradua, evolui, se assimila ao meio, nunca para, sempre quer mais. O mais triste é que até ser pego, ele já derrubou muitos bons, pois os bons atuam com ética e honestidade, eles não.
Quer saber realmente se seus gestores são bons? Apenas olhe quantos gestores melhores eles formaram e quanto tempo duraram no cargo. Simples assim, um corrupto não consegue formar pessoas boas, aliás não formam ninguém (tudo e todos são ameaça), vive com uma equipe de mortos-vivos.
Não existe mal necessário pois se é mal não é necessário a própria palavra já te diz, mal é mal em qualquer lugar e não deve ser tolerado, a não ser por pessoas medrosas, acomodadas e preguiçosas. Você sabe a diferença de mal para mau? Procure saber.
“Para o triunfo do Mal basta que os bons fiquem de braços cruzados.” – Edmund Burke
Bons negócios.
Obermayer Júnio
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