Ter ou Ser?
Nossa jornada será sempre feita de trocas, alguns vão chamar de barganhas (não uso pois o termo não me faz pensar em honestidade), renúncia, escolhas. Serão muitas as designações para a mesma atitude, mas no fim formam-se apenas trocas, e fazemos isto o tempo todo, mesmo sem querer, por isto é importante atentar: o que estou trocando neste momento?
Troca-se tempo de trabalho em prol de dinheiro, as vezes até alguns valores; um momento de satisfação com foco na razão, entendendo que ter razão é nada ter, a boa conduta pela ignorância, o coletivo pelo individualismo, o apoio pela crítica, tempo com a família pela carteira ou banco cheio de dinheiro, a paz pela guerra, o bálsamo pela acidez, e assim vamos nos sujando até não sobrar mais um pedacinho limpo em nossa roupa, ao fim, se nossa meta era afundar, comemore pois a sua missão foi cumprida.
Erramos e iremos errar, o que devemos fazer é reconhecer e mudar a atitude, nos redimir e não tomar outros caminhos mais fáceis, mas alguns vão se iludindo manipulando a mente para tentar achar a razão de que está certo. Outros vão fazer compras para aliviar, viajar, presentear, convidar para algo diferente, se fechar em seu mundo, são muitas válvulas de escape para aliviar e não resolver.
Queremos sim a todo instante ter, seja no sentido material ou das relações, aqui se perde a humildade pois a teoria do ter, isola as pessoas à sua volta, você fica alienado em sua louca busca por algo que acha que vai lhe dar paz. Darei um exemplo: imagina um pai ou uma mãe, que lutou no mercado de trabalho durante muitos anos para acumular riqueza e deixar para seus filhos, achando que estes valores vão garantir o futuro, sabemos que não, pois no final era muito mais importante ensiná-los como vencer do que somente entregar os troféus e as medalhas. Eles nunca saberão o preço alto que pagaram, não darão valor, o que seria para deixar bem, irá deixar bem pior, alienados ao mundo, fracassados sem nunca terem disputado.
Um novo carro, celular, tv, relógio, joia, roupas de marca, tende a dar impressão de satisfação e poder, e sim todas elas dão esta sensação, mas é momentâneo, famoso efeito miojo (dura 3 minutos), no fim sobra apenas você sofrendo com você mesmo, culpando os outros ou se martirizando, qual o resultado dessa equação? É -1.
O capitalismo impôs isso e a maioria adorou, aliás amou e compartilhou, quanto mais, melhor, e essa maioria esqueceu que quanto mais, mais refém, mais trabalho, mais estresse, mais relações depreciadas, mais cobranças, mais doenças, mais faltas, mais ritmo frenético. E a conta foi ficando alta, menos tempo com a família, menos descanso, menos alimentação saudável, menos atividade física, menos atividade mental, menos atividade espiritual, menos tempo pra você, menos saúde e energia, só não desceu mais pois já chegou no fundo do poço, espero que consiga ao menos pegar impulso e lutar para subir.
A teoria do ser é muita mais leve, mais gostosa, ela ensina que tenho que ser mais humano, dedicar-me a colaborar e ajudar o próximo, ser paciente, pacífico, porto seguro, precavido e prevenido, saudável, gentil, ético, respeitoso, equilibrado, o bálsamo, amigo, companheiro, guerreiro da luz, feliz. Percebe-se que para ser não precisa ter, necessita apenas disposição e estímulo interno constante.
Para ter é necessário perder as coisas mais importantes da vida e para ser é necessário apenas desprender da cultura do acúmulo material e partir para o acúmulo mental e espiritual, que lhe darão sabedoria para saber sobre o segredo da vida e viver cada dia melhor.
Bons negócios, de vida aliás!
Obermayer Júnio
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